data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: TJRS (Reprodução)
A quarta e última defesa a falar nos debates foi a do réu Luciano Bonilha Leão, roadie da banda Gurizada Fandangueira. Quem começou a falar foi o advogado Gustavo Nagelstein.
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Foi retomado o momento de quando a defesa assumiu o caso. O advogado contou que Luciano Bonilha Leão teve o primeiro encontro com os representantes no centro de Santa Maria.
- O Luciano podia andar de cabeça erguida e peito aberto em Santa Maria. A repercussão midiática desse júri fez com que tivesse uma onda, uma manifestação, nunca antes vista em favor de um inocente - disse o defensor.
Ele lembrou que o júri estava marcado para ocorrer na cidade. Entretanto, houve recurso ingressado pelo Ministério Público (MP), o que fez o julgamento ser suspenso e mudar de comarca.
INTERRUPÇÃO
A fala de Gustavo foi parada pelo juiz Orlando Faccini Neto. Ele justificou que precisava se encontrar, a sós, com os jurados. O debate foi retomado sem explicações para a pausa. O magistrado pode ter interpretado que a fala sobre comoção com Luciano seria uma informação externa dada aos jurados.
RESPONSABILIDADE
O advogado atribuiu a responsabilidade a órgãos públicos e não apenas aos réus que são acusados no processo. Ele definiu que Ricardo Lozza, Cezar Schirmer e Gerson Pereira - que depuseram como testemunhas - são "os lobos", enquanto Luciano é o "boi de piranha".
- É um trabalhador, que saiu de casa naquela fatídica noite para ganhar míseros R$ 50. A gente vive o absurdo total da inversão de valores - disse Gustavo Nagelstein sobre Luciano.
Ele pediu pela absolvição. Segundo Gustavo, esse é o caminho para o reconhecimento de que o sistema é falho e para que novas tragédias não aconteçam.
CRÍTICAS
Jean Severo assumiu a fala na sequência. Da maneira efusiva e característica dele, o defensor falou que Faccini Neto será o próximo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e que o MP "passou vergonha" no plenário.
Ele seguiu a crítica aos órgãos públicos. Jean afirmou que Luciano não é apenas um cliente o qual defende e o definiu como "amigo".
As críticas ao MP foram direcionadas especialmente ao promotor David Medina, cujo livro foi mencionado por Jader Marques para conceituar "dolo eventual". O defensor de Luciano rasgou e atirou a obra no chão. Familiares que acompanhavam da plateia deixaram o plenário.
Ao falar sobre a acusação, Jean foi direto:
- Isso aqui no máximo é homicídio culposo.
O promotor Medina pediu que Jean ficasse distante dos jurados por estar sem máscara. Em resposta ao aparte, o advogado de defesa perguntou retoricamente: "se passar Covid, será dolo eventual?". Junto disso, o assistente de acusação Amadeu Weinmann, um dos maiores criminalistas do país, pediu que Jean respeitasse o júri.
O advogado Antônio Prestes do Nascimento, chamado por Jean de "pai" na advocacia criminal, também teve participação. Enquanto ele falava, os advogados da defesa se abraçaram no plenário, junto de Luciano.
Antônio fez um relato pessoal sobre internação por Covid-19. Disse que faria uma homenagem aos santa-marienses e vítimas da tragédia. Ele pediu que Luciano seja absolvido e afirmou que se Danilo, integrante da Gurizada Fandangueira, não tivesse morrido, estaria no banco dos réus.
Jean Severo retomou a fala para argumentar que Luciano não teve culpa no caso. O advogado Jader Marques pediu um aparte para falar sobre o crime de "incêndio culposo", no qual o caso poderia ser enquadrado conforme falaram.
O microfone de Jean chegou a cair, e ele encerrou a participação. O MP confirmou que haverá réplica, e o julgamento será retomado a partir das 10h desta sexta-feira.